Vermelho

Já te falaram hoje, moça?

Que seus olhos são pura poesia

Que eles têm free pass em minh’alma inóspita

Que enrijecem minha inerte carne

E deixa linear esta existência abstrata?

Já te falaram hoje, moça?

Que o sol é reflexo seu

Que o mar se afoga em você

Que você é o corpo celeste

Que assaz desejo orbitar?

Não sei se já te falaram hoje,

Moça

Mas eu vou te falar

Que você é o pedaço de inferno que me abrasa

Que você é o doce paliativo que me acalma

Que você é a Vênus de Milo que me abraça

Moça, falo isto com plena convicção!

Quiçá, até, com esse meu amargo coração!

Moça, das rubras maçãs do rosto

Dos braços abertos no poente, moça

Dos dentinhos branquinhos enfileiradinhos

Por que tanto brilha na minha memória?

És estrela?

Estrela, como és, de brilho tardio?

De brilho morto?

Como me traz tanta vida

Estando

Morta

Moça?

27/05/2011 - 11h00m às 18h23m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 27/05/2011
Reeditado em 28/05/2011
Código do texto: T2997421
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