O FAUNO E NEGRA DAMA
O FAUNO E NEGRA DAMA
A morte para mim deixou de ser triste,
Ela deixou os meus pêlos em riste,
Isso ocorreu quando fui namorá-la
E minha alma passou em vão acariciá-la.
Suas mãos frias me acariciavam
E as unhas em minha pele marcavam.
Tinha sangue e dor no lençol
E desejava-a com o lagarto ao sol.
Meu mundo já não tinha janelas.
No espelho apenas caras amarelas.
O espaço existente acabou no planeta.
Sou grande como uma lagarta-borboleta.
Já não sei onde estão meus iguais,
Se eles estão mortos nos quintais,
Ou estão a correr pelos campos
Com os seus cascos tão cortantes.
Tudo afinal morreu e perdeu a graça,
Meus chifres quebraram na praça,
Minha barba caiu de maneira casual,
Hoje estou preso e triste num curral.
O homem, eu já não vejo no espelho
O animal morreu para baixo do joelho.
Não sei se grito ou se apenas balo,
Não sei se choro ou apenas falo.
O que me resta na vida é Negra Dama
Que ainda quer me amar em sua cama.
Que quer me dar prazer no beijo mortal,
Levando-me para sua morada no umbral.
André Zanarella 27-03-2011