Desinteresse mútuo

Um homem entrou no ônibus

E me entregou um cartão.

Era um daqueles bilhetes de mudo

Pedindo ajuda na compra de um saquinho de balas.

Dei a ele um rascunho que trazia na mão.

Estranhando o fato,

Olhou o papel.

Acho que nem entendeu o traço.

Foi a mais verdadeira troca de carências.

Nem eu nem ele estávamos interessados um no outro.

Não queria comprar suas mercadorias

Ele, tão pouco, ler minhas poesias.

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 27/05/2011
Reeditado em 29/05/2011
Código do texto: T2997127
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.