Desinteresse mútuo
Um homem entrou no ônibus
E me entregou um cartão.
Era um daqueles bilhetes de mudo
Pedindo ajuda na compra de um saquinho de balas.
Dei a ele um rascunho que trazia na mão.
Estranhando o fato,
Olhou o papel.
Acho que nem entendeu o traço.
Foi a mais verdadeira troca de carências.
Nem eu nem ele estávamos interessados um no outro.
Não queria comprar suas mercadorias
Ele, tão pouco, ler minhas poesias.