Conto de Fraldas
"Eu não sirvo pra nada
Já estou fora da estrada...
Perdi o mapa na largada
Caminho a esmo numa corrida sem chegada"
Mas.. Quem é esse que não serve para nada
E que mesmo sem previsão de chegada
Não para, Não desiste
Não cessa a caminhada?
No espelho, há apenas uma imagem refletida
De uma alma espremida
Em meio a tantas dúvidas e tristezas estampadas
Trazendo consigo uma feição desesperada
"Sou eu?" pergunta-se no vazio
E com muito espanto, aos prantos, percebe que sim.
Como posso Não admirar
Tamanha força de vontade?
Um cara que apesar de toda a dor e barbaridade
Ainda encontra no simples, o tão simples ato de sorrir
Enquanto isso, os outros passam
Riem, gritam, acham graça e estardalhaçam
não olham para os lados, nem para baixo, ignoram
não sentem pena, apenas passam
E há também aquele que escarna, e aquele que escarra
E que depois fica alí, cheio de sí..
De saco cheio de sí..
Esperando da vida, muito mais do que deveria
e merecendo muito menos do que recebia.
E Eu? Quem sou?
Sou aquele que hora inflinge
e que hora apazigua a dor
Aquele que busca, e que por medo, repudia o amor.
Enfim, nessa pequena estória,
Sou mais um daqueles perdidos no espaço
Um dos poucos, que consegue perceber
que mesmo no sorriso, se esconde
a lágrima do palhaço.