FEIO

Feio...

Feio é a fome...

Que a criança consome....

Feio...

Feio é a espera...

De comida... que não veio...

Feio...

Feio é ver nos olhos a chorar...

A espera do bocado pra mastigar...

Feio...

Feio é o descaso do homem com o meio...

Feio é o reflexo e a certeza...

Da morte no espelho...

Feio...

Feio é a falta de amor...

Que poderia amenizar a dor....

Feio é o frio...

Que habita o coração vazio...

Bonito...

Bonito é o amor

Que Cristo plantou...

E que no coração...

Do homem não germinou.

“cada poema tem sua historia, este nasceu e um fato que sucedeu, entre uma criança e eu... trabalho em uma escola localizada em uma área de risco onde crianças são usuárias de droga, onde mães são traficantes... onde sou esperança... esse lugar fica no alto de um cruzeiro, onde costumo dizer que estou pertinho de DEUS... poderia estar em um local onde corresse menos riscos? Sim. poderia escolher onde trabalhar nos meus 27 a nos de aprendizado, escolhi estar lá porque sei que posso fazer muito por crianças marginalizadas vitimas de um sistema de corrupção, posso fazer muito por crianças que se acham nada... que quando falo que são lindas vejo dentro dos seus olhos a pergunta eu? crianças que choram de fome como a que me inspirou para escrever...que mesmo tendo merenda essa é a única refeição do dia para ela...

Do meu passado... Sei o que deixei lá...

Do meu futuro... não sei...nem quero saber(a Deus pertence...)

Do meu presente...

Do meu presente só sei do brilho nos olhos daqueles pequeninos quando entro nas salas... Eles me abraçam... Chamam-me de flor do dia... E escrevem bilhetinhos dizendo o quanto sou importante para eles... Essa é minha recompensa... e ao abraçá-las sorrindo...sei que é ali que deveria estar ...a sensação de dever cumprido e paz me invade...isso sei que ninguém vai tirar de mim...apesar de saber que tem muito a ser feito ainda...’’