Outono de verniz
Outono de verniz
Sandra Ravanini
Outono de verniz, nada brilha como antes,
os ventos levam as mãos, caem as folhas da poesia
dentro do peito febril da ardente nostalgia,
queimando as ilusões na chama do gigante.
Gigante fera pisando as folhas do outono,
esmagando aquela mão, semente paisagista,
esperando a estação despertar a alquimista
que havia na luz de verniz do meu carbono.
Outono de cinzas, caem as folhas do poema
no chão tão frio quão o sussurro dessa ventania,
derramando o fel na ardente chama de alegria
que caía do verniz daquela mão com a pena.
Gigante outono secando a folha de verniz,
pisando a paisagem que não brilha como antes,
soprando a chama da alquimista tão distante,
deixando às cinzas a luz que havia no meu giz.
14-05-2011