O Pirata sem Coração
E essa solidão que me mata,
Me revira ao revés.
O mar, a calmaria,
Tudo vejo do convés.
Levanto a vela e não venta.
O sal nos olhos. O rum.
Navegar meu barco tenta
E não vai a lugar algum.
Saqueador fui por cem anos.
Pensei ser eu o ladrão.
Hoje, digo que me engano.
- Onde está meu coração?
Ele está bem enterrado
Na ilha da Espera Eterna;
A dez pés da rocha Uivante;
A cem palmos debaixo da terra.
No baú, a maldição
para quem ele abrir:
“Depois de muito o coração amar,
Você terá que partir”.
E o pirata sem coração navega,
Dia e noite, sem descansar.
A solidão como companheira,
E como casa, o mar.
Vou de chuvas a tormentas,
De calmaria a insolação.
Não abandono este barco
Até encontrar meu coração.