O Pirata sem Coração

E essa solidão que me mata,

Me revira ao revés.

O mar, a calmaria,

Tudo vejo do convés.

Levanto a vela e não venta.

O sal nos olhos. O rum.

Navegar meu barco tenta

E não vai a lugar algum.

Saqueador fui por cem anos.

Pensei ser eu o ladrão.

Hoje, digo que me engano.

- Onde está meu coração?

Ele está bem enterrado

Na ilha da Espera Eterna;

A dez pés da rocha Uivante;

A cem palmos debaixo da terra.

No baú, a maldição

para quem ele abrir:

“Depois de muito o coração amar,

Você terá que partir”.

E o pirata sem coração navega,

Dia e noite, sem descansar.

A solidão como companheira,

E como casa, o mar.

Vou de chuvas a tormentas,

De calmaria a insolação.

Não abandono este barco

Até encontrar meu coração.

Harley Arruda
Enviado por Harley Arruda em 25/05/2011
Reeditado em 12/09/2012
Código do texto: T2992416
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