Observador
Sinto teu olhar.
Como se de repente fosses uma lâmina cravada em minha carne.
A tua dor não é maior que a minha. Nossas dores, juntas, eliminariam um sonho inteiro, mesmo que nosso.
Não vês que sei que me observas? O que te assusta? A minha inconfessa solidão? Ou a insistente nudez frente a platéias tão diversas?
Ah! Observador de olhar febril... desenrugue a testa. Nada mais sou que uma poeta perdida em busca da inspiração mínima que fosse, mas que fizesse festa.
Sou como tu, observador. Também escondo-me entre as frestas. Procura por mim. Estou escrita e impressa nas entrelinhas da minha última peça.