CALAFRIOS
Todas as noites ajoelhado ao pé do leito,
Sinto adentrarem em meu quarto confidente
Restos de sonhos que se alojam em meu peito,
E sussurros de alguém que está ausente.
Aromas e rabiscos enobrecem com efeito,
O que restou para mim neste presente.
Mas não importa, o que se foi não está feito
Tenho que aceitar e ser um pouco consciente.
Quem sabe um dia tudo terá cessado,
E eu estarei enfim disto libertado
Mas por enquanto eu fico aqui sozinho,
Como um poeta imortalizado
Ou como um ser humano robotizado,
Curvado no aconhego do meu ninho.
[anos 90]