CRIA DAS GERAIS II
Eu sou o rio que banha
o semblante da gente deste lugar
Sou pássaro preto que clareia a noite,
que voa livre e faz cantoria
pro seu caminhar...
Sou o capim gordura, o café moido,
sou curió e também os trilhos.
Sou a mesa farta, sou broa de fubá.
Sou a serra do curral em dia de chuva
Sou o pó da estrada e os sinos da igrejinha
na hora da reza a badalar...
Sou o vale, sou o triste,
o barro, as mãos, sou criação, sou sabiá.
Sou cria dos montes, o poeta do chão,
sou trens e uais.
Sou semeadura num chão de estrelas,
sou lua de junho, sou o sol das gerais.
Que se reparte em cores e se mistura as dores
sou cavalo báio a galopar...
Sou parte do barro, sou a fé latente
sou ladainha e seus ais.
Sou água morna de cachoeira,
sou lavadeira, sou das gerais...