Quando Deus criou as coisas todas
Quando Deus criou as coisas todas
A cada uma o que queria ser perguntava
Em dado momento se deu
Que assim aos próximos perguntou
Quem quer ser controvertido
Bem e mal entendido
E o amor respondeu
Quem quer isto sou eu
Mas, disse Deus
Queres ser martírio, suplício e prazer
Tudo misturado e de pouco se entender
Ao que, sem titubear, o amor O fez crer
E respondeu
Tudo isto e muito mais
Quem quer sou eu
Não preferes ser leve, aromático, sensual e doce, afinal
Também isto quero
Mas acrescente-se o azedo, o medo e da noite o breu
Pois assim quero eu
Queres arroubo, paixão, o estrépito das ondas do oceano
A felicidade a cada dia do ano
Sim, Senhor, mas não Vos olvideis
Eu também quero a simplicidade dos pobres
E a arrogância dos reis
Queres, por ventura, a lua, o sol e todas as outras estrelas do firmamento
Sim, o amor respondeu
Mas eu quero a liberdade, de opinião mudar,
Quero também esquecer
Tudo isto vou te conceder, foi o que Deus respondeu
E, ao fechar os olhos para refletir, o Senhor
De sua própria criação se esqueceu
E quando deu por Si
O amor fugiu, desapareceu