NÃO ME PONHA RÉDEAS

Não pense que eu sou uma pessoa teleguiada

Você sempre pensa que me comanda

Você está enganada

Sou tal qual a lei da impenetrabilidade

Você não penetra assim como pensas

São densas as minhas paisagens

São infinitas minhas aragens

No clarão da luz são muitas as minhas visagens

Não pense que sou tão previsível como semáforo

Ou que estou disponível à tua mão e a tua fome

Como um restaurante que só serve a la carte...

Não se engane não, por trás de mim

Não há rédeas nem redenção de onde vim

Sou livre como ventania não tenho pouso nem posição

Sigo improvisando uma canção quiçá uma composição

Não sou corcel domado por rédeas

Tampouco por escorregadias mãos

Não sou controle remoto

Tenho minha própria programação

Sou alazão sem norte

Meu rincão é a sorte

Sigo a ferradura no casco do meu destino

Minha crina é minha mascote

Cheiro as éguas no cangote preparado pro pinote

Sigo a pino livre a correr como líquido fervente

Que corre em minhas veias de um puro sangue quente

Galopo solitário

Metade homem metade cavalo

Um híbrido sagitário

Que a claridade baça

Que no arco faz uma prece

Que de Deus se abastece

Metade terra metade céu

E nesta divisão nesta dualidade nesta dicotomia

O arqueiro busca a sabedoria nos elementos

Diante da natureza e do azul do firmamento...

Vou dando coice na má companhia

Vou trotando na poesia

Viajando no ar e dando beijo na ventania