(((((:::MARGEM DAS HORAS:::)))))

À ternura pouca me vou acostumando

de um destino que me vai sendo escasso

conheço a minha morte, seu lugar esquivo

seu acontecer disperso...

Enquanto me adio de danos e enganos

em que vou silenciosamente rasgando os planos

Ávida enfim de azul,

meu grito vive a ponte que o abismo

há muito conquistou.

A chama é quase ausente e quase extinta

na margem das horas

em que já não me sinto

e vagarosamente me vou

À minha febre!

Hei de gritar,

cair, sofrer

— eu sei.

Inexorável princípio de tudo

quanto existirá. É ido o sonho

do fogo, sucumbe o corpo no vazio

enigma da cólera - que tal amor

matou-me a própria vida...

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 21/05/2011
Código do texto: T2985159
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