SE ME VIREM A CONDUZIR POR AÍ…
Quando eu conduzo,
Sinto engarrafamentos de stress
Percorrerem todo o meu corpo!...
Não posso evitar,
É mais forte que eu:
Asfalto, carros, travagens, buzinas, impropérios…
Causam-me prisão de ventre
E os meus gases buzinam também…
Os olhos ficam cansados;
O corpo fica tenso;
O coração acelera mais rápido
Que o próprio carro…
Muito mais rápido,
Que algo que eu conheça!...
E a minha viagem de destino, fica sempre distante,
Tornando o regresso a casa
Um pesadelo delirante!
Quando eu conduzo,
Sempre vejo o que não queria ver:
Condutores que não respeitam ninguém,
Uma infinidade de loucos temerários
Que, seduzidos pela velocidade,
Se tornam operários
Do seu próprio desdém!...
As estradas são palco
De tantas tragédias evitáveis;
E os cemitérios estão repletos
De corpos que sonhavam viver;
E, pelas bermas da estradas,
Correm insensíveis rios
De lágrimas e de sangue…
Quando conduzo,
Nunca sou eu quem vai ao volante!...
É um ser estranho que me controla:
Tantas vezes não me recordo da viagem;
Tantas vezes não me recordo de ter chegado;
Tantas vezes sou apenas um autómato!...
Se me virem na estrada,
A conduzir o meu carro,
Desculpem se não vos reconhecer;
Desculpem se for devagar, atrapalhando o trânsito;
Podem até buzinar
Os vossos descontentamentos e impropérios…
Eu nem vou reparar, na vossa falta de educação,
Pois não sou eu quem vai a conduzir!