Quando o coração parar...


Quando o coração parar, serei grito... Límpido... Visgo.
O peito atropela... Brinca e dança... Aos galopes, pensa em voltar a ser criança.

Verso e prosa... Pequenina praça... Lanço ao colo, pernas e braços... Boca e juízo... Nada mais será preciso... Risco...Rabisco.

Quando o coração parar... Levarei o nada... O cálice.

Quando o coração parar, não serei mais risos... Gritos...Gemidos...
Não terei as cores... As formas... As quentes curvas a iluminar a dança...

Quando o coração parar, estarei gélida... Esquecida dos ouvidos... Das palavras soltas... Sem doce abrigo...

Quando o coração parar... Soluços em ar corrente... Não lembrarão toda gente... Não correrão pelos pastos... Não serão firmes os meus passos...

Quando a penumbra chegar... Os olhos lançarão a chama... Apenas a pena servirá ao deixar escrito...
As flores nos cabelos... Em vulto contido.

Quando o coração parar... O vento forte não estará mais contigo... Comigo.


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