O silêncio de Keats
“Mesmo no templo do prazer
A velada melancolia
Tem seu santuário soberano”
(John Keats)
No canto da sala, o violão negro toca
Tons e acordes, inerte toca solitário, toca
Toca uma canção fúnebre, de morte
Uma canção que traz um cheiro peculiar de
Flores vermelhas, brancas, flores
De um ritual doloroso que mata a esperança
Eis que um canto fúnebre celebra...
... Celebra, emanado das profundezas da garganta que
Fez uma vida de sensações chorar, pelos olhos, lágrimas
Lágrimas num tempo de deleite, um hiato, silêncio...
Vida de pensamentos, beleza que tomba depois do som
Numa praia desolada inundada de silêncio
Do choro, antes da palavra velada
Derradeiro ao gemido dado de graça
Não há som de prazer que preencha adequadamente
O sossegado abrigo impelido a
Fazer-nos louvar as fantasias
Saúde do corpo e sua história efêmera
Adentramo-nos e sentimos a perda fatal
Faz-se a hora do amargurado funeral
Louvaremos diante do...
... Corpo e santuário dos mortos elevem-se à auxiliadora
Mães, do púlpito, reverenciaram ao
E, entre lágrimas, nos prostramos em silêncio a alma pecadora
*A John Keats: 31/10/1795 – 23/02/1821