A Dança

Entre na escuridão da noite

Na escuridão da rua...

Marias,

Crianças já sem infância...

Mães solteiras e filhas sem lar.

Todas maquiadas,

Preparadas, assentadas à mesa de um bar,

Com hora pra marcar.

Envoltas em vícios do cigarro,

Bebidas, desaforos e escárnios.

Esperam seus patrões,

Que dizem como querem e pagam sua festa...

Nuas em qualquer sala deserta,

Deixam o seu corpo em formação,

Jaz, a violentar.

Não importando a dor ou a forma de usar.

Senhoras e senhores!...

Desejo ou horrores, nesse jardim vulgar?...

Homens de respeito...

Governadores, empresários,

Avôs, pais, padres e pastores.

Que sem qualquer escrúpulo,

Insanos e afoitos pelo coito.

Bebem dos seios, dessas gatas borralheiras,

O prazer de um só.

Não pela essência,

Não pela carência, mas pelo animal...

Pela hipócresia da moral,

Que se entende na cidade,

O direito de pensar ser do anormal,

Acima de qualquer justiça.