MÁSCARA-Neila Costa
Neila Costa
Tiro a máscara
E me vêm os espantos
No meio de tantos
Promíscuos escândalos
Sinto-me perdida, vazia,
Nessa selva desumana e fria.
Minha vontade se perde
Na escrita do caminho
Onde me arrepio
E meu olhar se ergue
Para o romper de um novo dia.
As palavras me rasgam
Sangram minhas mãos
E com essa dolorosa tinta
Minha escrita cambaleia
E a imprimo na folha em branco
Da minha carne aberta...
Arrebento-me com as verdades cruas
Onde aprisiono meus gritos.
Escancaro as portas da realidade
Cheia de esperança...
Mas dela aos poucos se fecha o sinal.
Somente as chamas sobem
Neste mundo louco, cego, irreal!
Vaticino com palavras
Não pontuo o sentimento
Porque o que aqui transcrevo
Foi lavado no meu pranto
E coberto com o espanto
Deste meu jeito exagerado
De estar na vida e querer
Melhor motivo para viver.