Pagãos II

A minha poesia é o eterno sofrimento

Instalado na carne do poeta

Disto se vale, alimenta e suspira

Inda que se cale

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Conheces quando a brisa chora sobre a relva

E, afagando da natureza a pele,

Canta nos ouvidos humanos uma melodia

Que não responde

Que se esconde

Conheces quando as montanhas se ajoelham

E os vulcões se recolhem

E, dentro do ventre da terra, fantasmas se exasperam

Conheces quando as baleias mostram a cauda em borboleta

E espalham n´água lágrimas de Deus

Conheces não

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Quando se caminha pela areia da praia

E se avista a onda se desfazendo em pequeninas

E a espuma cantando e retornando

Quando se vê a areia indo e indo

E levando as marcas

Quando se fixa o olhar no verde lá longe

Então se descobre

A inevitabilidade na linha divisória

Entre o saber e o não entender

Entre o conhecimento e o desconhecimento

Entre o nada e coisa alguma

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taniameneses
Enviado por taniameneses em 21/05/2011
Reeditado em 21/05/2011
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