[Capítulo III] A Dama da Noite
A Dama da Noite que nada levou
Apenas um corpo oco sem doce
Arrastando sua foice procurou
A luz dos anjos entre os doze
Quando finalmente encontrou
O homem era fraco e doente
Pacientemente a Dama aguardou
A ansiedade a fazia ranger os dentes
O homem não muito durou
Apesar de forte e valente
Mas não foi a doença que o levou
Foi a Dama em forma de serpente
Venenosa, a sua ambição
Carinhosa, a sua mão
Saborosa, a sua refeição
Espantosa, a sua reação
Ao ver um santo oco
Sem nada, sem nada
O doce era pouco, pouco
Farejou mais na senzala
Alma sem rosto
Chega a senzala
O Pai anuncia seu posto
Todos dançam para a acalmá-la
Ela, por um momento, se alegra
Diverte-se com a música e a oferenda
Mas quando não vê seu rosto na água
Enfurece-se e condena toda a senzala
Cuidado menino, Pai avisa
A Dama da Noite correu o mundo
À procura da luz da vida
Plantada por Mestre Raimundo
Ela grita como o som do vento
Ela pisa como o tremor da terra
Ela olha como atravessa um raio
Ela cheira como um doce falso
Ela sempre nos cerca, esperando revelarmos a luz