Falando a um Poeta
Não mais me digas
Dos meus olhares
Que em ti habitam
Não me fales deste amor
Que me descobre em ti
Eu não saberia fingir doçuras
Aquieta os teus lábios
Que me sussurram em beijos
Cala a ânsia das tuas mãos
Que me murmuram em desejos
Eu não poderia ser a que esperas
Seria sempre nota distante
Musicalidade ausente
Da melodia que toca tua alma
Mantém-te à salvo de mim
Acautela-te das tuas fantasias
Não me premedites em teus caminhos
Teus passos não me alcançariam
Nada me peças além desta alegria
Que descortinas em meus dias
És sorriso em meus olhos
Mas eles apenas te colorem
Em matizes de amizade
Há apenas este destino possível
Acessível,tentando clarear-te a razão
Não te deixes enganar
Pelas palavras cálidas
Que sentes arderem em minhas mãos
Sei bem para quem se desdobra
Cada letra que me escapa dos dedos
O frisson, o desvario, o desatino
A geografia de todas as minhas palavras
Ignoras o universo
Em que mergulha minha vertigem
Quisera que me ouvisses
Apenas não entendes o que é óbvio
A voz de cada poema que escrevo
É apenas o silêncio transgressor
Do meu coração de poeta sonhadora...
Fernanda Guimarães
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