COMO  É  BOM  VIVER . . .

Com ver, eu vejo desta arriba sobranceira ao mar,
o pôr-do-sol mais radioso entre esplendores
de amarelos e laranjas e cinzas que são nuvens...
Com ver, eu vejo esta aranha que diligente
tece a sua teia que colhe o orvalho
nesta madrugada rosa-chá.
Com sentir, eu sinto o bater do coração da Terra
entrecortado, desritmado, descontrolado...
Com sentir, eu sinto os dedos doces da criança
que confiantes se agarram aos meus, já duros
e anquilosados pelo tempo indomável...
Com ouvir, eu oiço o respirar do vento
que perpassa entre juncos como cabelos,
e sacode a vela do barco e a velha tamareira...
Com ouvir, eu oiço o ranger deste soalho,
pisado por mil gentes em mil eras de alegria
e também naquele dia,
em que partiste, meu Pai amado...
Com cheirar, eu sorvo todos os aromas
dos limões aos torrões da terra lavrada de fresco!
Com cheirar, eu cheiro a alegria de um recomeço,
a tristeza de cada adeus, a lágrima em cada soluço.
Ah... Mas saborear, eu saboreio cada beijo,
cada frase de amor titubeada num suspiro,
cada pedaço de sal esquecido pelo choro,
dessa lágrima teimosa que força o caminho
e sai sangrando do meu peito... filha da saudade...

Beijinhos
Teresa Lacerda
Enviado por Teresa Lacerda em 18/05/2011
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T2979067
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