((((:::DECLARAÇÃO:::))))

Busco no horizonte um alívio para que cessem os meus cansaços...tateio meu íntimo e percebo tantas esperas que se prolongam nos dias, nos anos que passam entre as sombras do passado neste presente imediato.

Olho pra mim e o que vejo são esferas translúcidas de intermináveis interrogações, no vácuo sempre presente em que nada mais sei de mim.

Fora de mim é um confuso inexato, em que o tempo passa em que se desatam os laços...em que preciso ser o outro, pra ser eu mesma.

E me percebo como o vento que se desgasta, existindo onde me desconheço.

Por horas atravesso desertos, rasgo mares, nessa busca interminável em minhas asas pequenas...se é que ainda as tenho...

Sorrio o mundo e silencio as dores que atravessam o peito - disfarço o medo nestas milhas de terras de gigantes...

Na garganta trago qualquer nó, num corpo só - Sou o que é ninguém - Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram, ou metade desse intervalo - Começo a conhecer-me. Não existo.

O que viver quer dizer? Não me encontro entre os escombros.

Quem fui não me lembra senão como uma história suspensa.

Caí pela escada abaixo subitamente - e convivo com os ruídos que habitam em mim - talvez um dia, eu descubra o mistério guardado - e não mais viva em tons de cinza...perceba alguma grandeza indecisa...por hora sei que o nada nem sequer é meu, nem sequer sou eu!

E me bastam no momento as lágrimas...

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Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 18/05/2011
Código do texto: T2978682
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