A nossa Infância e o nosso Mundo

Amores da infância eu quero tanto gritar por ti

Mas estás tão longe envolta nas brumas ao anoitecer

Nas neblinas das madrugadas

Ainda ouço os sussurros das vozes amigas trazidas pelo vento.

Minha doce infância porque permitiste a minha partida?

Éramos tão doces, tão amigos

Levados pela cintura ao alto das copas das árvores

Os nossos pés encardidos corriam soltos por sobre os pântanos

À beira dos rios em direção aos arroizais cacheados de centelhas douradas

Vida, vida, porque nos mantém refém destes momentos de encantamentos?

E porque esta moldura feita de estrelas?

Como entender que os sóis se poriam tanto e tanto nos afastaríamos daquele Tempo?

Que fossemos sempre crianças na busca de um brinquedo novo

Ou que os nossos gritos de alegria de criança ainda fossem ouvidos entre estes arranha-céus.

Nossas presenças deram tanto brilho aos olhares de nossos avós, de nossos pais

Deram sons as vozes de nossos amigos

Agigantaram tantos corações

Tornam arfante a nossa respiração na busca de tantos amores, amores, amores.

Vida, Vida, Tu me deixaste crescer para ver estas paredes frias e encardidas

As pessoas correndo para o nada, as conversas vazias

A violência dentro de tantos lares, agora em tecnologia avançada

As mortes por motivos fúteis, as desgraças cada vez mais perto

Ontem tocávamos o Mundo com as nossas pequenas mãos

Hoje tocamos o Mundo com as nossas mãos encolhidas

Com medo de uma realidade cada vez mais fria

Onde não matamos, mas nos tornamos coniventes e indiferentes

Com as desgraças alheias, com o sofrimento coletivo

Melhor que o Amor nos levasse com ele quando ainda está conosco

E não nos deixasse aqui parados, incrédulos neste Mundo insano

Lembrando o quanto era doce o nosso viver

Robertson
Enviado por Robertson em 18/05/2011
Código do texto: T2978407