CAMINHANTE
No compasso do tempo há um caminho,
que num entardecer nacarado eu traço,
e uma viga mestra alinho,
desvendando na terra seca um regaço.
E meu passo, ligeiro ou hesitante
na cadência das horas eu faço e,
já sem lugar prá encostar insisto,
pois que a vida é mistura
de sangue, suor e cansaço.
E se de minhas mãos surge o esboço
em linhas que fluem de gozo e desgosto,
meus pés descalços pisam relva e pedra
seguindo pela trilha íngrime,
sempre longa e incerta.
Nem o vento que sopra ao contrário
nem a chuva orvalhando os cabelos
nem o frio das noites de junho
nem o fogo do sol dos sertões
Nem um cisco no olhar ou frio suor
escorrendo na pele salgada,
nada impede que eu prossiga
na contramão do gado, na invernada.
E se persigo outro espaço,não é por valentia
nem mêdo da morte ou do cangaço:
é que sou cavaleiro sem norte,retirante de dia
folha solta em vandaval
seguindo a estrada, buscando melhor sorte.
Arrasto sargaços em praias de utopias
cumprindo o destino dos viajantes
vivendo de quimeras e alegrias.
Vou no rastro da vida : sou pedra
Vou no embalo do vento:sou pó.
Marcia Tigani_ maio 2011
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LINDA QUARTA FEIRA PRÁ VC,COM POESIA E CALOR!