BICHO

10.05.1993.

 

 

 

Sou aquele velho chato

Tradicionalmente chato

Irreversivelmente chato

Daqueles que não ousam mais mudanças

Que envelheceu com as peças do museu

Com as histórias das grandes guerras e revoluções

Sebo de carneiro nas pernas

Endurecidas juntas e pernas

 

Sou realmente um velho

Falo de fatos necas de pitibiribas

Retardatário do mundo moderno

Decorei apenas as elegias romanescas

Minha linguagem ainda é do romantismo

Sou aquele que te dá trabalho

Aquele que te tira o assento nas conduções e

Ainda mostro carteirinhas

 

Enfim, um tropeço social já sem serventia

Motivo maior dos gastos governamentais

Nas propagandas de respeito ao idoso

Não sou aquele sorridente, sou o rabugento

Bicho asqueroso

 

Sou mais uma coisinha:

Provavelmente seu genitor!

Respeite meus cabelos brancos!

 

Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 17/05/2011
Reeditado em 18/08/2012
Código do texto: T2976188
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