BICHO
10.05.1993.
Sou aquele velho chato
Tradicionalmente chato
Irreversivelmente chato
Daqueles que não ousam mais mudanças
Que envelheceu com as peças do museu
Com as histórias das grandes guerras e revoluções
Sebo de carneiro nas pernas
Endurecidas juntas e pernas
Sou realmente um velho
Falo de fatos necas de pitibiribas
Retardatário do mundo moderno
Decorei apenas as elegias romanescas
Minha linguagem ainda é do romantismo
Sou aquele que te dá trabalho
Aquele que te tira o assento nas conduções e
Ainda mostro carteirinhas
Enfim, um tropeço social já sem serventia
Motivo maior dos gastos governamentais
Nas propagandas de respeito ao idoso
Não sou aquele sorridente, sou o rabugento
Bicho asqueroso
Sou mais uma coisinha:
Provavelmente seu genitor!
Respeite meus cabelos brancos!