A menininha

A menininha hoje viu a realidade

a dura realidade

que a acompanha dos seus medos mais antigos

mesmo quando pensava caminhar

certo

se desiludiu hoje ao ver que ainda erra

como errava há anos atrás

menininha

correu para os braços de seu amado

sem saber que dura angústia

suas palavras lhe reservavam sem piedade

enxergou então o que sempre

estivera em suas próprias mãos

menininha

ela não sabia

que sua maldição partia sem saber

de sua própria mão

oh inocente menininha

dos braços arranhados pela rua

ninguém jamais entenderá

que tristeza foi a sua

ao ver-se incompetente e falha

diante do próprio amor

tentou explicar a si mesma

com sinceras palavras

mas então bem menininha

chorou pedindo mãos amigas fortes

que lhe pudessem

segurar na queda fria ao chão

após contemplar seus

próprios olhos vermelhos e lágrimas amargas

no espelho da sala

tão menininha

e já conhece a dor de ver-se fracassar

e como isolada por mágica

ver-se incapaz

ao menos de amar ou ser amada

encontrou caminhos

que fizeram-na esquecer de tudo

mas a chuva lavou a tinta

e caiu-lhe a máscara

e tudo voltou outra vez

em vão trocou-se o sol pela lua

porque ela continua olhando

para o espelho

da insone alma

e vendo olhos vermelhos

e vendo um futuro manchado

e vendo uma chuva perdida

e vendo um amor terminado

ela chora sim

pois é apenas uma menininha

que não sabe se cresceu ainda

que não sabe nada da vida

que não aprendeu a malícia do jogo

quem sabe seja apenas garotinha

morrendo

sozinha