O poema do vento e da chuva

Do vento feita para a chuva

que sobe da terra sem saber...

Não acredita que, então, não sei,

não sei como tudo vem a acontecer.

Se acredita, então me ama.

Se me ama, toca-me com pureza;

com carinho toca-me se me ama;

que não tens noção da chama

que me queima e me faz nascer de novo.

Como criança nasço, hoje, do vento,

irmão meu das montanhas distantes.

Vem, irmão, de qualquer sorte,

conta-me o que houve, que não entendo.

E você, guerreiro que passa,

se me ama, pára...

e cuida de mim.

Se, acaso, ama-me, guerreiro,

há de querer cuidar de meu corpo

como se templo fosse da tua divindade;

que em cada célula pulsa o sangue

e a vida que Ele deu-me pra cuidar.

Se não mais posso olhar-me no espelho

sem ver-te em lugar de minha própria sombra,

se havemos de um só nos tornarmos,

ama-me como parte do teu ar,

que vento sou.

E na tempestade fazem-se fortes

chuva e vento em unidade.