AGORA
Não me cobre beijos
neste instante de dor,
que o rangir de isopor
não travou os dentes
e, em atitudes rentes,
não gozou o desejo.
Aproveite o ensejo,
abra a porta e se vá.
A memória é vil,
a agonia o amor argüiu.
Pese os prós
que os contra ataques
nos remetem a confortar.
O dia escuro da cidade
está sem clara estrela,
está sem beira ou eira.
Rasgue o disfarce,
erga a sua face
e afie o rival.
Revele se já era,
dispa-se de fera,
beije a flor e o real.