AGORA

Não me cobre beijos

neste instante de dor,

que o rangir de isopor

não travou os dentes

e, em atitudes rentes,

não gozou o desejo.

Aproveite o ensejo,

abra a porta e se vá.

A memória é vil,

a agonia o amor argüiu.

Pese os prós

que os contra ataques

nos remetem a confortar.

O dia escuro da cidade

está sem clara estrela,

está sem beira ou eira.

Rasgue o disfarce,

erga a sua face

e afie o rival.

Revele se já era,

dispa-se de fera,

beije a flor e o real.

Luís César Padilha
Enviado por Luís César Padilha em 15/05/2011
Código do texto: T2971950
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