O Desnudar da Alma

Desnudo minha alma da ilusão
Para enxergar a dor latente da solidão
Desnudo dos muitos sonhos inacabados
Da felicidade jamais experimentada
Do adeus repentino
Da descrença neste mundo em desatino


Desnudo a minha alma das etéreas flores
Para que prove dos espinhos as dores
Descarto a máscara do projetado riso
Para que as lágrimas contidas rolem sem pressa
Banhando o árduo  cerrar das portas
De uma existência que a poucos importa


Desnudo a minha alma da alegria
Para que sinta a dor da cansativa nostalgia
Submeto-a ao escuro das dores e do vazio
Permito-a atravessar o deserto da saudade
Para que se liberte dos enganos e desenganos
Brotados na calada da noite onde plantara a verdade


Desnudo a minha alma da esperança
Digo-lhe para esquecer o amor criança
Repito incansavelmente para que não se apaixone
Desnudo-o dos segredos, dos medos, da noite
Deste viver sem nexo doloroso açoite a cortar o coração
Desnudo-a nas inúteis tentativas de libertá-la da ilusão
(Ana Stoppa)



Obrigada Mestre Jacó Filho pela
interação:

15/05/2011 10:28 - Jacó Filho
Sem içar a âncora da realidade,
Vou levando a vida na fantasia...
Mas restrita ao mundo da poesia,
Por tempero da eterna felicidade.
(Jacó Filho) 

 
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 14/05/2011
Reeditado em 10/05/2013
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