A ENCHENTE
As águas barrentas do rio subiam implacavelmente,
Implacável também era o medo que invadia o coração.
Nunca pensara que a chuva constante pudesse de repente,
Inundar a terra em tão grande proporção.
Quanto mais subiam as águas mais a chuva caía impiedosa,
E o homem simples do campo, assustado, pedia a Deus em oração,
Que permitisse ainda tocar a terra com suas mãos calosas,
Voltando ao trabalho árduo e rotineiro de sua plantação.
Mas sua oração não foi ouvida, perdeu-se no infinito.
Ou talvez, quem sabe, tudo aquilo merecia?
Tinha o coração dilacerado, pois jamais cometera algum delito!
No semblante a incerteza, o porquê de tudo aquilo não sabia.
Tudo ao seu redor sumia sob as águas turbulentas,
Encolhido sobre a casa de madeira, olhar cravado na amarela vastidão,
Assistia a morte brusca do gado e a plantação nas águas lamacentas.
Desesperado e impotente mais uma vez implora em sincera oração.
O que estaria acontecendo? Seria o esperado fim do mundo?
Paralisado pelo medo via a água destruir o seu reinado.
Rapidamente as horas transformavam-se em segundos,
E breve tudo para ele estaria finalmente acabado.
...................................................
Nada mais há sobre a terra devastada,
O que ontem era vida e alegria, hoje é só desolação.
Restou somente gente simples chorando horrorizada,
E amanhã, será apenas o silêncio e a solidão...