A ENCHENTE

As águas barrentas do rio subiam implacavelmente,

Implacável também era o medo que invadia o coração.

Nunca pensara que a chuva constante pudesse de repente,

Inundar a terra em tão grande proporção.

Quanto mais subiam as águas mais a chuva caía impiedosa,

E o homem simples do campo, assustado, pedia a Deus em oração,

Que permitisse ainda tocar a terra com suas mãos calosas,

Voltando ao trabalho árduo e rotineiro de sua plantação.

Mas sua oração não foi ouvida, perdeu-se no infinito.

Ou talvez, quem sabe, tudo aquilo merecia?

Tinha o coração dilacerado, pois jamais cometera algum delito!

No semblante a incerteza, o porquê de tudo aquilo não sabia.

Tudo ao seu redor sumia sob as águas turbulentas,

Encolhido sobre a casa de madeira, olhar cravado na amarela vastidão,

Assistia a morte brusca do gado e a plantação nas águas lamacentas.

Desesperado e impotente mais uma vez implora em sincera oração.

O que estaria acontecendo? Seria o esperado fim do mundo?

Paralisado pelo medo via a água destruir o seu reinado.

Rapidamente as horas transformavam-se em segundos,

E breve tudo para ele estaria finalmente acabado.

...................................................

Nada mais há sobre a terra devastada,

O que ontem era vida e alegria, hoje é só desolação.

Restou somente gente simples chorando horrorizada,

E amanhã, será apenas o silêncio e a solidão...

Julieta Bossois
Enviado por Julieta Bossois em 14/05/2011
Código do texto: T2969842
Classificação de conteúdo: seguro