Fragmentos
Sou partes de mim.
Vejo-me em fragmentos da vida que fui e das batalhas que travei.
Na luz que se faz conhecer no despertar de um novo amanhecer,
encontro-me refletida em imagens de tudo que sonhei e desejei,
cacos espalhados pelo caminho trilhado, tornando os corpos mutilados, destruídos, acabados.
Sangue derramado de inocentes atormentados,
que gritam hoje suas dores em ecos surdos no meu tempo,
som deforme em vales escuros que criei.
Falta-me a luz, ou falto eu a ela.
Na noite negra, entrego-me desconexa da alma da vida,
encontro de mortes na morte que se inicia ao longo do trajeto que a mim se destina.
Vida pela vida no raiar da luz que penetra minha história.
Lavando-me do sangue com que fui nutrida,
segue forte, compadecida,
destruindo a taça na qual fui servida com vidas expiatórias.
Mas a noite faz-se dia e na luz que vibra, apocalíptica,
sigo em sombras nas dores a mim assomadas,
evitando os reflexos do que sou,
nos fragmentos de mim que restou.