UM GIRO PELA LITERATURA
"OS MORTAIS QUE ME PERDOEM, MAS TER ALMA É FUNDAMENTAL"
Trovoadas, chuva forte, goteira,
Trovoadas, trovoar, trovas, trovador
Cantei para um amigo
Que cantava para um amor
Poeta... sonhador
Paio, Soares, Trovoadas, Taveirós
Deus é quem troveja, castigando o pecador.
Não pode ser, Deus é mais humano
Seu lar que é desumano
Derrube o Teocêntrico
Erga o templo Antropcêntrico
Viva as conquistas humanistas
Que caia o feudo; que venha Gil
Que vê e sente, Gil Vicente.
Renascem clássicos heróis
Eurípedes, Homero, Horácio
Deuses se humanizam
Épicos se eternizam
Assinalando as armas e os barões
Com Luis Vaz de Camões.
A grande expansão marítima
Traz em viagens magníficas
Moradores ao paraíso terrestre
Buscando o mito Eldorado
Encontraram tesouro mais invejado
"Querendo-a aproveitar
Dar-se-á nela tudo por bem
Das águas que aqui têm..."
Águas, desertos, anjinhos de barro
Barroco, anjo oco, culto ao contraste
Sermão, pecado, perdão, divindade
Crítica moralista, olha o artista
Boca do inferno, olhos do céu
Antítese da morte, e da vida... réu
Região Árcade, bucólica e pastoril
"O neoclássico sugere 'fugere urbem'"
Idealização poética "Locus amoenus"
"Carpe diem", Horácio de Dirceu
Dirceu de Marília
Das liras de Dirceu.
Quão romântico é o sonho fugidio
Cantar em versos brancos o sentimentalismo
Esvaecer, esvoaçar, suspirar poesias
Descansar na natureza, extensa realeza
Ler as cores Delacroix, sentir Beethoven
Ser poeta ingênuo de oito anos
De uma infância querida
Sonhar e amar na vida
O triunfo do mundo vem a todo vapor
A era Moderna determina meio, momento e raça
Raça real, Realismo Natural, operários sem rima
Que vivem num círculo vicioso
Condições "subumanas" num cortiço pernicioso
Páginas que sempre voltam à memória
Que não se apagam da história
Vem, Machado... à ciência descubra
Com Memórias póstumas de Brás Cubas
Chega a prisão Parnasse Contemporain
Culto da forma, artificial, alexandrinos
Viagem ao perfeito, estética com métrica
Olá, Olavo, com sua profissão de fé
Não inveje o ourives,
Seja apenas o "Prícipe dos poetas" que és...
Nesta viagem louca busco um símbolo
Sem formas, abstrato, que sugira apenas
Que seja vago, inconsciente, estado d'alma
Branca, nívea, leve, alvas...
Que faça entrelaçar-se as almas
Numa fusão de poetas passados.
O mundo gira loucamente, o tempo passa
Necessidade de expressão, ruptura, inovação
Fim da Belle Époque, período de "anos loucos"
Marinetti futurista, elemento fracionado cubista
Tudo significa "NADAdaísmo", nem Freud explica
Busca-se poesia na flor, na dor e até no elevador
Abram espaço, estão chegando, poetas da Arte Moderna
Dá licença, seu Lobato, não é "Paranóia" nem "Mistificação"
São apenas Mário, Osvald, Anita, Villa-Lobos, da nova geração
O novo quer chegar, dá licença de passar
Venha Di, Brecheret, Tarsila, Juó... satirizar
Vamos intertextualizar, criar, parodiar
Pois todos os dias a arte nasce...morre, renasce...remorre...