Cantigas de sereias

Chegava o poeta das terras áridas,

Não cabiam nele os frutos da arte,

Por onde fosse a qualquer parte

Cantava seus sonhos em versos.

Em notas, bradava o excesso

Da tristeza que lhe enchia o peito.

Era como o amor-perfeito

Despetalado na primavera.

Nutria em sua alma quimeras,

Amargava o coração com saudades,

Nem sempre havia a vontade

De ver despedaçadas as pétalas.

Como já dito era poeta!

E como tal vivia entre dúvidas

De viver em noites dúbias,

Ou volver ao seio amado?

O pensar voava abrasado

Fustigado em fedo tormento.

Restava-lhe somente o lamento

Entre as cores dos tons menores.

Tão-somente em meio às vozes

Das cantigas de sereias

Quais cantavam nas areias.

De seu castelo destruído.

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2011.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 12/05/2011
Código do texto: T2965508
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