Fragmentos 56 [Vida - reflexões: sobre a pobreza da pobre modernidade - ou: da mundanidade pobre]

Solidão...

Tempo escasso

entronização e completude.

Pobreza não diz nada:

verteu-se em tudo.

[Enquanto mundo,

mudo,

tento pensar]

Niilismo:

corpo aberto e frágil,

alma fechada.

Não diz nada.

Pesada,

vaga e penada -

pois não pensa.

Sorve apenas às expensas,

morre antes da estrada.

O mundo tornou-se nada.

mediocridade concreta,

infâmia,

cabeça esvaziada:

dominação abstrata.

Esfacelada,

tudo que sujo

desponta como amalgama,

não desagrada,

eleva-a a totalidade.

Pobre e idiota,

tudo que logra

ganha aposta,

deixa-a oposta,

de tudo que,

abstraído, angustiado e corrompido,

Valeu-se como vivido.

Solidão entronizada.

Nobreza degradada.

Sem fim,

no início,

já não representa nada.

E o sórdido

paira pelas almas,

mas não com embriaguez:

lúcido,

fazendo valer o seu nada.

E na escassez do tempo que se alarga

joga baixo,

inunda-a.

Os corpos do desmundo,

no fim de tudo,

são repelidos à calçada,

ao concreto frio.

Param a marcha:

e retrocedem.