Velho Chico e Chico Velho

Bate o sol nas águas frias do Velho Chico

E outro Chico, a sua pele enfrenta o sol

Em outro nó, mesma corda, outro dia.

Em seu rosto, o suor e água fria.

Velho Chico e Chico Velho se misturam

Aflição, amargura, todo dia.

Vêm à rede outras sedes, mesmos dias.

Velho Chico Chora ao som do velho remo.

E o remo respeita o seu esplendor

Tu és livre, eu sei.

Tu és belo, eu sei.

Mas, tu choras todo dia.

Pois tu és vida

És morte

És transporte

E alegria

Chico Velho também chora o dia todo.

E dos remos vem os calos, a cada dia.

Vem o peixe

Vem a rede

Vem o anzol

Vem a canoa

E o nó que da garganta que não se sai.

Chico Velho te admira de Alagoas

Em outros banhados, vários chicos a te louvar

Levas a saudade desdentada do pau a pique

Quando tua magoa deságua sem parar

Velada por Alagoas e Sergipe

E vem o mar tão feliz a te abraçar

Cai o sol, no Velho Chico, à água fria.

Já é tarde e a canoa quer voltar

Mas o sol renasce todo dia

E o Chico Velho no Velho Chico vai pescar.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 11/05/2011
Reeditado em 16/06/2015
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