Espanto

O que é isso que vejo ante aos olhos e não sei decifrar?

Que me atordoa os ouvidos, nesse alarido inclemente

que não posso entender, que não posso explicar?

É a vida; é meu hoje; é minha morada neste lugar;

é minha gente, meus comparsas,

meus benfeitores, meus irmãos,

meus inimigos tramando contra mim...

À sombra da bandeira do ódio

e do estandarte da ignorância

defraudados em postes fincados sobre meu peito

no ínfimo terreno de minha bondade

na minha porção ingênua

no meu pomar de honestidade

respiro ofegante – quase sem vida

volto o olhar aos céus e suplico:

é pouco ainda esta angústia?

Durará muito ainda esta fagulha de espera

este feixe de luz

que alimenta a certeza do amanhã?...

Eu...

Meus olhos... a noite

Esperando, sem esperança.

Azédisouza