Anseios de modernismos

Velocidade!

Tudo se consome

- some, desmancha-se no ar -

antes mesmo do consumo.

Antecipa-se à tradição,

verte princípios.

Os espíritos,

não-nobres,

resolvem-se a si mesmos:

nunca dependem de apreciação.

Tudo que é público torna-se vão,

uma estranha particularidade se consuma:

digna de nota, totalidade embrutecida, dura.

Na velocidade de tudo,

possível não é distinguir o que é vida,

o que é ida,

da imediatez soturna e perecível.

Tudo que é noite é dia.

Ser e não-ser convivem,

não em síntese:

agora, antes de mais nada –

e o agora importa mais que nunca –

a pergunta se inverte:

há vida antes da morte?

...