Poema pertencente ao poemario "Às vezes temo a metamorfose"
Às vezes temo a metamorfose
O brilho da moeda que nos arrasta ao presumível
domínio dum filho da puta por um mísero
salário
Hoje toca-me dupla representação, os espectadores
esperam ocorrências
Amanhã oscila entre preguiça e apatia
Ressona um despertador na mente como
um maço
Almanaques pirómanos de sonhos
delineiam maioritariamente a preto os dias
É tarde
Os semáforos sabem-no e fodem
mudando o verde permissível
por um vermelho que paralisa
Toca o sino, já está na hora
Mais uma vez a contenda de
pontualidades e
atrasos
da diária jornada de perfeita proletária
De cancelados direitos e
de um montão de obrigações
Amanhã alcançarás o teu prémio
subir ao céu dos idiotas
Mas esta certeza não é suficiente
A fé perde adictos
Os comícios não convencem
As promessas tornam-se contos de fadas
e levas um corvo no bico