Poema pertencente ao poemario "Às vezes temo a metamorfose"

Às vezes temo a metamorfose

O brilho da moeda que nos arrasta ao presumível

domínio dum filho da puta por um mísero

salário

Hoje toca-me dupla representação, os espectadores

esperam ocorrências

Amanhã oscila entre preguiça e apatia

Ressona um despertador na mente como

um maço

Almanaques pirómanos de sonhos

delineiam maioritariamente a preto os dias

É tarde

Os semáforos sabem-no e fodem

mudando o verde permissível

por um vermelho que paralisa

Toca o sino, já está na hora

Mais uma vez a contenda de

pontualidades e

atrasos

da diária jornada de perfeita proletária

De cancelados direitos e

de um montão de obrigações

Amanhã alcançarás o teu prémio

subir ao céu dos idiotas

Mas esta certeza não é suficiente

A fé perde adictos

Os comícios não convencem

As promessas tornam-se contos de fadas

e levas um corvo no bico

Cruz Martinez (da Galiza)
Enviado por Cruz Martinez (da Galiza) em 11/05/2011
Reeditado em 19/06/2011
Código do texto: T2962829
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