DISFARCE AMOROSO
Vi teu rosto triste
Fiquei de longe a te olhar
Como és linda até no disfarçar...
Na dor escondida de um sorriso ausente
Sorris sem mostrar o que no fundo sentes
É um romper que segregas na pele Silene
Vives tão longe árida e tristemente
Brigastes com o amado ser e te ressentes
E agora tentas disfarçar com a força que tens
Nas mãos para outras cruzes segurar frementes
Já que a tua agora está vazia sem a poesia fervente
Sem a dama- dos- jardins que no seio arfa incontinenti
Ocupando espaços ameaçadores em murchas flores
São nódoas, mágoas, caroços e outros tantos troços
A te destroçar por dentro, ardida como sal na ferida aberta
Paixão entrega orgulho... Tudo a te pisar por dentro
Um ateu que mergulha em um Deus sem saber orar
Uma mistura de gamas com variantes pagãs ancestrais
Pouco coloridas, frias até diria pastel...
Mas o sorriso te entrega quando olhas o anel
O solitário brilha nos dedos e nas cascatas lacrimais
É quase uma cena em que protagonizas rotunda
Algo móvel diante de uma areia movediça
Quanto mais luta pra sair tanto mais afundas
Não da pra saber se o céu fugiu
Ou a terra sumiu
Coração em flores rebentando no peito
Pensamentos vagando em ar rarefeito
Liberdade é uma escolha
Ou se é árvore ou se é folha.