Órfãos
Quem sabe eu estaria sonhando
quando te vi a falar desesperado
debaixo dos holofotes famintos de ti.
Embalava-nos na tua voz grave de trovão macio,
fazias questão de ninar-nos, nós crianças já adultas
e despejadas sem pena nesse mundo de meu Deus.
Já não estavas lá quando aprendemos
que crescer dói mais que uma dor de dente.
E quem nos dera não doesse. Não tanto.
Ririas de nós, nos abraçaria? Não sei, é triste saber
que não estás aqui, nem tu nem tua voz.
Não mais. Não agora. Não hoje. E espero
espero que não para sempre. Sempre dói demais.