Voando
Está tudo nublado
E ainda sinto vontade de voar.
De abrir meu peito,
Sentir o vento gelado.
Não vejo uma árvore
Nos próximos enxergáveis quilômetros.
Se voar agora não sei onde vou parar.
Esse desejo que hora parece instintivo
Agora parecer ter instinto assassino.
Esse desejo que carrego comigo desde menino,
Desejo que parece vir do ninho.
Se eu fechar os olhos eu consigo.
Voei... Livre agora estou.
Vou bem alto pra sentir a queda
Em alta velocidade em direção à pedra
Tão pequenina que parece grão,
Só a vejo imensa quando perto do chão.
Chega a dar um friozinho na barriga
De imaginar que eu não pare,
De imaginar que tudo acabe,
De imaginar que tudo aconteça,
De imaginar que eu voe pra fora da minha cabeça,
De que isso não seja só imaginação,
De que eu esteja embalado por uma canção
E que essa canção possa parar
E que eu nunca mais consiga voar.
É tão ruim pensar assim,
Gostoso mesmo é bater asas.
Abro os olhos e o sonha acaba.
Foi gostoso esse vôo.
Assustador, mas foi gostoso.
Me sinto novo, renovado.
Mas infelizmente não sou pássaro,
Nunca voei acordado.
Walter Vieira da Rocha
10 de maio de 2011 às 13h45