Como trocar as cordas de um violão

Com ternura: puxar a ponta

Da sobra da corda

Pelo orifício da cravelha.

Girar, girar, girar

Até que a corda ceda.

Então, com dedos calejados

Desamarrá-la do rastilho.

Chamá-lo assim:

Meu doce alaúde,

Minha violinha caipira.

Pensar no amado.

Com raiva: arrancar cada corda

De um só estirão.

Sentir o corte do náilon

Na palma da mão.

A corda estala,

As cravelhas saltam,

O rastilho estoura,

O braço se parte,

Madeira e verniz

Rasgando de dor.

Algo há de ceder: o violão

Ou você.