Pano de Chão

Lindo o bordado nesse traste pisado,

no chão mal tratado

e, de tão amassado,

sujeita-se ainda ao mais sujo solado.

Belo pano

que suga da rua o pó insano

cuja sujeira agarra,

e que também, sem eira nem beira, limpa a faxina da farra.

Pano que com chão conversa,

que chora e lamenta seu ego em desgraça.

Ele que quando envelhece

ninguém mais o quer nem de graça.

Apanhando se esgarça,

se rasga e termina com raça

os seus dias

afogado num tanque de água.

Ali, atirado inclemente e sem nenhum obrigado,

falece quem nunca foi fraco

e como indigente o enterram

em um preto saco.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 09/05/2011
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T2959113
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