Pano de Chão
Lindo o bordado nesse traste pisado,
no chão mal tratado
e, de tão amassado,
sujeita-se ainda ao mais sujo solado.
Belo pano
que suga da rua o pó insano
cuja sujeira agarra,
e que também, sem eira nem beira, limpa a faxina da farra.
Pano que com chão conversa,
que chora e lamenta seu ego em desgraça.
Ele que quando envelhece
ninguém mais o quer nem de graça.
Apanhando se esgarça,
se rasga e termina com raça
os seus dias
afogado num tanque de água.
Ali, atirado inclemente e sem nenhum obrigado,
falece quem nunca foi fraco
e como indigente o enterram
em um preto saco.