Vidas que se perdem
Ouço vozes desconexas
num clamor que não tem fim,
muitos gritos sufocados,
nas cidades, nas favelas, os motins.
Mas existem moucos.
Uma bala, outra bala e muito mais
o caos abrindo um leque sem parar,
drogas misturadas ao terror,
sem ninguém para controlar.
Mas os moucos não acabam.
Dos penhascos, as enchentes
descem e levam barracões,
muitas vidas soterradas
aniquiladas entre os lixões.
Mas os moucos, são os mesmos.
O alcoolismo aumentando
dia a dia, em cada praça,
e nas estradas do país,
cada minuto, mais desgraça.
Os moucos com seus pedágios, não resolvem.
Tantas pragas propagadas
na violência em servidão,
a polícia, no canto encolhida
precisando proteção.
Mas os moucos, refestelam-se.
O amor sendo minado
num cordão sem ter sentido,
tantas vidas esquecidas
porque ninguém dá ouvidos.
Os moucos preferem propinas.
Os moucos vivem mergulhados,
ocupados em missões de paraísos
e uma prole, desolada vive louca,
se perdendo depenada nos confiscos.
Para acharmos as vidas perdidas,
precisamos perder os moucos.