Chora uma criança.
Com a voz débil diz que está com frio.
A mãe olha e vê apenas o sombrio,
Cobre-a com seu corpo.
Geme uma criança
E diz à mãe que tem fome.
E ela, dos trapos arranca o seio
Colocando-o na boca ansiosa,
Aperta, espreme...
Árido e seco!
Ela, aterrada e muda, treme.
Vai-lhe morrer, nos próprios braços,
Morrer de fome, o filho querido...
E ela, arrastando para longe os passos,
O amado corpo deixará perdido.
Para os seus beijos, para os seus braços.
Ficam sós, ela e o filho agonizando,
Ele a morrer de fome, ela de medo.
Ouve o sopro forte do vento, de quando em quando,
Sacudindo os ramos e o folhedo.
Ergue-se, soluça e brada...
Apenas o eco lhe responde ao grito.
Fecha os olhos para não ver nada
Mas vê tudo com o coração aflito.
Vê tudo com a alma alucinada.
Ela, o filho aperta , estreitamente.
Beija-lhe os olhos úmidos, a boca...
Desvairada, em pranto, ébria e tremente
Arranca-o do seio, de repente.
Larga-o no chão e foge como louca.