A CANETA






Estão indo embora.
Ainda bem,
chega de lágrimas fingidas,
de palavras falsas...
Agora estou livre deles.



Agora tenho tempo de sobra,
aqui, na calma do cemitério,
estou livre do jornal, da TV,
agora tudo que vou fazer,
será escrever, escrever, escrever.



Que importa o que vão dizer,
se alguém irá ou não ler,
o que importa é que vou escrever.

Caramba!
Nenhum pedaço de papel.


Tudo bem,
escreverei nas tábuas do caixão.


Droga!
Onde está a caneta?



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De
" ALÉM DOS PORTÕES DOURADOS "
1985