VIDA REMEXIDA
VIDA REMEXIDA
A fúria do vento avassalador fez com que os galhos se envergassem no descampado antes cheio de flores, que depois da tormenta devastadora varreu as flores e deixou desnudas as arvores outrora viçosas.
As pedras que caiam em profusão fustigaram os arbustos, sem nenhuma piedade espalhando-se na terra ressequida.
O mar revolto em ondas gigantescas não se preocupou em poupar o barquinho que ficara a deriva esquecido na praia, transformando-o em gravetos miúdos envoltos na areia.
As ondas cruéis não se importaram em derrubar os castelos de areia outrora majestosos feitos pelas crianças que brincavam felizes na praia.
Nas ruas a enxurrada barrenta varreu todo o lixo sem respeitar as barreiras, levando tudo o que estava no caminho.
Os raios enfurecidos cortaram os céus e o trovão ensurdecedor quebrou o silêncio da noite.
No berço de vime se ouvia resmungos de manha
A criança quer colo e busca o seio que a alimenta
No quarto o perfume exala a essência inebriante
Suspiros saudosos de saudades sentidas
Corpos desnudos misturam suores
Gemidos intensos pela chama do amor
Desejos saciados na noite tão fria
Cumplicidade e carinhos nos lençóis remexidos
Tudo desconexo, prolixo, descontido
Vida sentida, vivida, remexida
Com idas e vindas
Infindas