VIDA REMEXIDA

VIDA REMEXIDA

A fúria do vento avassalador fez com que os galhos se envergassem no descampado antes cheio de flores, que depois da tormenta devastadora varreu as flores e deixou desnudas as arvores outrora viçosas.

As pedras que caiam em profusão fustigaram os arbustos, sem nenhuma piedade espalhando-se na terra ressequida.

O mar revolto em ondas gigantescas não se preocupou em poupar o barquinho que ficara a deriva esquecido na praia, transformando-o em gravetos miúdos envoltos na areia.

As ondas cruéis não se importaram em derrubar os castelos de areia outrora majestosos feitos pelas crianças que brincavam felizes na praia.

Nas ruas a enxurrada barrenta varreu todo o lixo sem respeitar as barreiras, levando tudo o que estava no caminho.

Os raios enfurecidos cortaram os céus e o trovão ensurdecedor quebrou o silêncio da noite.

No berço de vime se ouvia resmungos de manha

A criança quer colo e busca o seio que a alimenta

No quarto o perfume exala a essência inebriante

Suspiros saudosos de saudades sentidas

Corpos desnudos misturam suores

Gemidos intensos pela chama do amor

Desejos saciados na noite tão fria

Cumplicidade e carinhos nos lençóis remexidos

Tudo desconexo, prolixo, descontido

Vida sentida, vivida, remexida

Com idas e vindas

Infindas

Edina Simionato
Enviado por Edina Simionato em 06/05/2011
Código do texto: T2952433