O ACENAR DO ADEUS, A QUEM SE AMA
Maria Luiza Bonini
O acenar do adeus, a quem se ama
É como matar um feto vivo
Saltitante, no ventre, como chama
À espera dolorosa, do cruel castigo
Grita e chora e, tênue, clama
Implorando à vida, por um lenitivo
Que o salve de tão pérfida trama
O acenar do adeus, a quem se ama
É um sufocar, covarde, até à morte
N' um violento e inconsequente ato insano
Lançando, sem destino, à própria sorte
O sentimento raro que, cândido, emana
Perdido e agonizante, sem rumo e sem norte
Tal pecador jogado ao limbo, por profano
O acenar do adeus, a quem se ama
É um cruel extermínio, suicida
Pela desdita, que se torna soberana
Ao destruir toda a razão de uma vida
Por inclementes e embaraçadas tramas
Com o amargor das tristes despedidas
Tal derradeira cena, d'um tocante drama
SP. 01.02.2011
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