Em transe
Urge ao mundo prontamente sibilar!
Para decifrar-me junto aos deuses,
rogo à doce sibila que me revele:
consulto, ou apenas devo receber oráculos?
O que me é mais invisível:
a significância da revelação;
a importância da significação?
São dois mundos;
há duas distintas realidades...
O divino não pode imiscuir-se na humanidade.
Se não houve indagação,
dispenso qualquer resposta vã.
Por que revelar-me
se não preciso decifrar-me?
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Agora posso ser um!
E, ao final do túnel,
estampado na parede,
revelarei a todos, sussurrando,
aquilo que nunca serei.
E o futuro será, como nunca,
o reflexo expandido do passado.
A minha realidade é o meu sonho.
E o meu embrião jaz no tempo,
buscando a gestora ineficaz
atrás do espelho que forjei,
maculando-me de aparências.
O que é, em verdade, em verdade,
a transparência?
O que é...
O que é?
Descobri que não sei.
Decifre-me, por clemência!
Crato-CE, 05 de maio de 2011.
02h09min
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